29/10/2005

tópicos de uma auto-análise (no nível do generalizável) da vaidade

"pouco importa escrever poesia; quero é vivê-la". o mundo detrás do espelho: preocupação (e a própria ocupação) torna-se mostrar-se, e não ser ou viver. raiz: carência afetiva; um vão deixado pelo pouco amar e ser amado; carinho trocado por admiração. "tudo é vã vaidade e correr atrás de vento". (e por isso as flores do campo eram mais belas do que as vestes de Salomão no auge de sua glória: elas apenas compartilham com os outros sua beleza, indiferentes à censuras ou elogios, admiração ou desprezo.) viver em um imaginário "patológico"; uma fome pelo "próprio valor", e daí a fome pelo mostrar-se: fome de consideração, carinho, respeito. avaliação: perspectiva de que não se tem um valor intrínseco; e a auto-sustentação psicológica, auto-afirmação ou segurança de si é uma fome pelo reconhecimento. seja no imaginário dos outros, seja no próprio imaginário (introjeção do olhar do outro): um mundo de fantasmas, formas sem vida, brilho sem estrela. degeneração dos laços afetivos: o outro como antes de mais nada um espectador. o olhar que acaricia e esbofeteia; não olhares que se encontram e se reconhecem como janelas vivas de um mundo vivo, mas como mera paisagem, e a paisagem como espelho.


quebremos nossos espelhos


PS: também isso é vaidade, e vaidade usada como motivação à crítica da vaidade. o importante é que não seja apenas vaidade; e que a vaidade seja sublimada até ser... ser. vida simples, que transborda vida, simplesmente sendo.

22/10/2005

"andei dando um check up na situação, o que me levou a reler.."

eu suo, logo sou: "nosso suor sagrado (u), é bem melhor do que esse sangue amargo (n)"... nas mãos macias e calejadas, muitas entrelinhas, muitos significados para um mesmo sinal; mas o sinal está verde, e então vou, amadurecendo. são jogos; mas de sorte, de boa fortuna, e mais, são jogos cooperativos, onde a linguagem desvela estados de consciência reveladores, e muito; onde a identidade entre o bom, o belo e o verdadeiro é a condição da autoconsciência, e esta gota transborda em sentimento oceânico, evapora, sobe lá em cima, e depois molha um pouco a terra sedenta. o mar ensina amar, pois, como dizem os biólogos, lá que foi a origem da vida, numa sopa de letrinhas. e o suor é água, e salgada: melhor que lágrimas, se bem que também estas lavam. mas um simples sorriso lava mais, e o jogo é lúdico por definição. em asism sendo, é, e é bom; então é assim mesmo que deve ser.

16/10/2005

o círculo da compreensão

o voô hermenêutico da ave hermética da transmutação: uma metáfora centrífoga e centrípeda do centro e do horizonte de sentidos que uma rosa dos ventos intuitivamente indica para a metáfora da metáfora da metafísica dessa vida. um redemoinho bom; uma rede conceitual transformando-se numa rede vital, e onde há vida haverá vida em abundância.

15/10/2005

keh dançah, keh dançah

"tanta vida em todas as coisas, que às vezes.."

12/10/2005

folhas de sabão

as folhas vibram e dançam, de acordo com o vento: melodia soprada pelas marés. isto aqui na esfera sub-lunar; mas como até o firmamento é móvel, nos-solar é elíptico, e hermético de acordo com a abertura daquele que recebe (e atua) o que vem ao encontro. tantas folhas bailarinas! mas há quem note nem a exuberância das flores, e as notas das esferas (e elipses) lhes são qualquer coisa, apenas ruído. "o silêncio destes espaços infinitos me..." encanta. e nesse canto que é um centro do universo, canto junto, levemente desafinado, mas leve, enquanto sopro o silêncio de uma fotossíntese primaveril, suportando adversidades dos invernos na promessa de bons frutos. as folhas dançam porque vivem: "só acreditaria numa árvore da vida que soubesse dançar". são danças circulares, danças de roda, como crianças em cirandas e xamãs em volta de fogueiras. o fruto da figueira é doce, mas as folhas.. são sonhos, suspirando suavemente com a brisa. e são verdes, que é uma cor boa, assim como o azul. são passos policromáticos, em contraste com prédios e muros e vidas em tons de cinza. as folhas são filhas da árvore, que é filha do ar, da terra e do céu. pra não dizer que não falei de águas.. as folhas deslizam. já deram como exemplo de absurdo ficar contando as folhas de um jardim, mas isso faz sentido, mas faz ainda mais sentido ficar quieto e ouvir o que elas têm para contar. uma folha é mais que uma página: é uma floresta de livros. é uma sabedoria selvagem, em estado vegetativo, que é muito mais dotado de ânimo do que supõe nossa vã biologia.

02/10/2005

0o*o0

o sol sempre brilha, mesmo quando chove. e quando a chuva e o sol se encontram ambos com um terceiro que são nossos olhos, temos um arco-íris. a menina dos olhos se dilata e se retrai, mas nem sempre encontra o brilho das estrelas no céu. só quando é noite! e sempre que aqui é noite, lá é dia, e vice-versa; são ciclos, círculos, arcos, triângulos e pontos de vista. "liberdade é correr pelo céu": bem o sabem as nuvens, que "vagam solitárias como nuvens", apesar de serem levadas pelo vento, e de sempre poderem ver o sol e outras estrelas. e choram água benta, e relampejam sua própria luz - mas desvanecem. e quando isso acontece, nossos olhos encontram novamente o brilho, deste sol ou de outro. e talvez até um arco-íris.