"pouco importa escrever poesia; quero é vivê-la". o mundo detrás do espelho: preocupação (e a própria ocupação) torna-se mostrar-se, e não ser ou viver. raiz: carência afetiva; um vão deixado pelo pouco amar e ser amado; carinho trocado por admiração. "tudo é vã vaidade e correr atrás de vento". (e por isso as flores do campo eram mais belas do que as vestes de Salomão no auge de sua glória: elas apenas compartilham com os outros sua beleza, indiferentes à censuras ou elogios, admiração ou desprezo.) viver em um imaginário "patológico"; uma fome pelo "próprio valor", e daí a fome pelo mostrar-se: fome de consideração, carinho, respeito. avaliação: perspectiva de que não se tem um valor intrínseco; e a auto-sustentação psicológica, auto-afirmação ou segurança de si é uma fome pelo reconhecimento. seja no imaginário dos outros, seja no próprio imaginário (introjeção do olhar do outro): um mundo de fantasmas, formas sem vida, brilho sem estrela. degeneração dos laços afetivos: o outro como antes de mais nada um espectador. o olhar que acaricia e esbofeteia; não olhares que se encontram e se reconhecem como janelas vivas de um mundo vivo, mas como mera paisagem, e a paisagem como espelho.
quebremos nossos espelhos
quebremos nossos espelhos
PS: também isso é vaidade, e vaidade usada como motivação à crítica da vaidade. o importante é que não seja apenas vaidade; e que a vaidade seja sublimada até ser... ser. vida simples, que transborda vida, simplesmente sendo.