30/12/2006

novo ano

eu venho de um mundo de angústias e aflições terríveis. terríveis e constantes. um mundo onde, por exemplo, saber fugir e se esconder é algo como uma virtude, assim como desconfiar, atacar, dilacerar, judiar. um mundo onde um coração duro e implacavelmente frio era sinal de força. um mundo terrível. o amor é a cura. é a saída, a transformação. é vida, é amanhecer, é flor. é outra coisa. troco tudo por amor. quero sentir compaixão e ternura. sem isso só há tolice e loucura; escuridão. porque aquele mundo é um mundo brutal e primitivo; é como a formação da atmosfera, é um mundo inóspito. e, acima de tudo, falso. é um distorção e uma doença. é um mundo que se carrega nas costas; é um fardo, uma chaga. chega. esse mundo acabou. não há mais lugar para ele em mim. fui para outro planeta.









10/12/2006

"palavras são erros, e os erros são seus".. =p
muito blablablacentrismo. silêncio, por favor.

27/11/2006

12/11/2006

"Uso a palavrapara compor meus silêncios.Não gosto das palavrasfatigadas de informar.Dou mais respeitoàs que vivem de barriga no chãotipo água pedra sapo.Entendo bem o sotaque das águas.Dou respeitoàs coisas desimportantese aos seres desimportantes.Prezo insetos mais que aviões.Prezo a velocidadedas tartarugasmais que a dos mísseis.Tenho em mimesse atraso de nascença.Eu fui aparelhadopara gostar de passarinhos.Tenho abundânciade ser feliz por isso.Meu quintalé maior do que o mundo."
(Manuel de Barros)

18/09/2006

enfim.. ao fim, tudo recomeça, a ponto de quem corre muito ficar tonto. devagar e sempre; divagar é sempre assim; decidir e estabelecer um fim é começar à pôr ordem - mesmo limitado, um demiurgo precisa ser livre, e ser livre não é bem assim. rodas, fios e teias que nem se imagina, mas que mantém; e por sinal, é boa coisa, é sustento praquilo que pesa. no mais, muita coisa mais, mas é isso.

12/09/2006

04/06/2006

cartas na mesa, cartas na manga: jogue seus dados. avance casas, monte o quebra-cabeças, ganhe experiência, vença adversidades. jogue limpo, jogue com cautela; empenhe-se, divirta-se. perder e ganhar. que jogo é esse? não é apenas um jogo. mas é um jogo, na falta de uma metáfora melhor. o hommo ludens é também um competidor; a criança é também um guerreiro. mas não é cada um por si e um contra o outro; é com outros, comigo, antigo. sem auto-conhecimento, a vida torna-se um jogo de azar. "é preciso saber viver", é preciso saber jogar; ser jogador, não mera peça. ou, ao menos, jogar bem, um bom jogo.

29/05/2006

"vai tomar no verbo, seu filho da letra"

intelectualizar a vida: há muita fuga, defesa, véus e alienação em tal atividade. o quanto de vaidade e cobiça há nisso tudo.. a intenção não é desvelar e desvelar-se, mas buscar a tão cantada "glória" entre os homens (ou no mínimo admiração - narcisismo e exibicionismo), ou o poder, entendido como domínio não sobre si mesmo, mas uma fuga de si mesmo dominando o outro. por sinal, os gregos não tinham nada de tão notável assim; tornaram-se um fetiche cultural. já dizia o profeta da imobilidade: "só há dois caminhos, o do ser e o do não-ser; o segundo não leva à lugar nenhum". e foi sob o segundo caminho que a filosofia enquanto auto-compreensão de mundo se consolidou: foram assumidos "fantomas", "eidos", "ousias", criações mentais, como sendo "a realidade"; e a vida, as experiências que nem se sentem na carne, mas no tutano dos ossos, foram renegadas como epifenômenos sem muita importância. verdade passa a ser uma construção mental; e aquele tipo de conhecimento "simbiótico" com a vida, chamado de mito, como um mero recurso didático tosco, quando não uma completa ilusão - isso é que é inversão de valores! é notável como quando em uma atividade de teorização, o que se busca é antes de mais nada explicar e convencer, e não propriamente entender: já se parte de um "hors de soi", de um distanciamento/negação de si mesmo, que por sinal originou a quimera da "objetividade". a principal motivação para isso é um tipo de vácuo afetivo, "um buraco negro no coração", uma tenativa de auto-afirmar-se como um munchausen da vida que leva à essa esquizofrenia existencial. desconcetado, desligado, sozinho; fragmentado. agora, a escada já pode ser derrubada, mas não necessariamente queimada ou destruída. é algo que pode ser interessante, quando colocado em seu devido lugar: é apenas um utensílio, não é a própria atividade de ampliar o horizonte. no mais, é importante uma cura para esse vácuo que origina e sustenta (!) toda essa loucura suicida; e o mais sábio dos homens pode nunca ter lido um livro ou ter feito especulações sobre isso ou aquilo, mas sim ter vivido plenamente na confirmação contínua de que "sem amor, nada seria".

05/05/2006

o darwinismo é refutável por qualquer flor

a grande maioria das histórias de ficção científica são mórbidas. a fórmula básica é um mundo apocalíptico ou pós-apocalíptico, onde há uma tecnologia extremamente avançada que permite que os homens se destruam e sobrevivam algum tempo em destroços. aliás, todas as explicações "científicas" que querem ir além do "aqui-agora", da explicação de um fenômeno singular presente na análise, seguem a mesma linha, guardadas as variações sobre o mesmo tema. quando vão para explicar origens, finalidades ou ausência de finalidades, ou seja, um contexto mais amplo que o próprio olhar com suas lentes, sempre caem em morbidez. por quê?? sei lá, já disseram coisas como "cada época tem os mitos que merece"; um julgamento impiedoso, dada nossa situação.
esse seria o primor da evolução numa perspectiva estritamente darwinista
esse foi uma visão do primor da evolução de uma ciência não não totalmente desligada da arte e vida humana
aqui, alguém que não acredita que uma hierarquia relacionada ao poder de interação com o mundo e dominação das demais criaturas signifique superioridade; que sabe que a evolução tem outros parâmetros e, apesar de que pudesse colocar-se entre os primeiros em um critério de valoração baseado na beleza, prefere apenas desmentir em silêncio sua atribuída inferioridade.

23/04/2006

navegar é preciso, e isso é viver. uma aventura em mares desconhecidos: nossos melhores mapas são desenhos imprecisos, cheios de monstros marinhos e abismos; e, em geral, ainda acreditamos ser uma superfície chata. não que estejam errados, ou sejam enganosos: basta a bússola, um centro magnético, e pronto, quem tem coragem que se arrisque a fazer suas descobertas, e encontrar seus novos mundos. mas é bom não ser afoito: um escorbuto aqui, uma tempestade ali, e muitos navegam pra mundos que não estavam inicialmente dispostos a ir. por isso é bom uma arca voadora, um balão mágico, super fantástico.

15/04/2006

concluindo, fico com a pomba.

há muita morbidez. "o mar escuro, trará o medo, lado a lado, com os corais..". resquícios de uma ontologia do abandono, de uma auto-compreensão de/sobre/em o isolamento; estar aí, cada um por si. desconfiança e auto-afirmação em uma afirmação radical da responsabilidade, que é ela mesma uma atitude irresponsável. medo do escuro, a noite esconde, o dia revela (quando a metáfora perde seu caráter conotativo e torna-se denotativa, ou vice-versa). muitas placas, poucas saídas; respira fundo e desembainha a espada, a faísca faz fogueira: clareia, mas queima. o fantasma não é assustador; quem se assusta é que é assustado. confiança/desconfiança é uma atitude fundamental. sobrevivência dos mais aptos é uma pi-nóia, um número irracional da racionalidade patológica; a vida também convida a tomar chá, nem tudo é uma armadilha, talvez nada o seja.

18/03/2006

uma nuvem que passa, no deserto, é como um táxi: siga aquele carro. glória e prosperidade, a roda, o fogo e o aço: correr atrás de vento, mas o moinho não pode ficar parado. no mais, há pão suficiente com os ventos que veêm, com aromas nunca antes vistos; e também brisas que cantam: "terra à vista!". sim; terra firme: a casa é na rocha, a árvore em solo fértil. em se plantando, tudo dá, e a fotossíntese se faz no anonimato. respirar é viver. e respirar fundo, suspirar, ofegar, fazem parte; e o perfume exala e inspira; e toda crise de espirros trazem no final o alívio da bonança; e então se dá o equilíbrio da balança, e o negócio é fechado, e aberto o horizonte; e o vértice fica firme e estável no chão, até que os céus o separem, e o (a)colham.

09/03/2006

entre os assuntos especificamente humanos, está o preocupar-se com assuntos não especificamente humanos.

03/03/2006

com licença, com licença, o silêncio pede a voz. não perde a voz, mas mantém c'alma a língua, e o paladar se torna mais saboroso. para dar mais gosto de se ver; e que não apenas se veja, mas se seja, ou seja, já-se-é. e que assim seja; mais uma vez, era uma vez, essa é vez; essa é a voz, esse é o t'om. bons dias, bem-ditos.

01/01/2006

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translações completadas, transmutações em trânsito: novos tempos, idades antigas, comemorações, bons futuros e presentes. árvores, fogos, luzes e explosões; reuniões, abraços, brindes. dias do trabalho, em férias. interessante..