29/05/2006

"vai tomar no verbo, seu filho da letra"

intelectualizar a vida: há muita fuga, defesa, véus e alienação em tal atividade. o quanto de vaidade e cobiça há nisso tudo.. a intenção não é desvelar e desvelar-se, mas buscar a tão cantada "glória" entre os homens (ou no mínimo admiração - narcisismo e exibicionismo), ou o poder, entendido como domínio não sobre si mesmo, mas uma fuga de si mesmo dominando o outro. por sinal, os gregos não tinham nada de tão notável assim; tornaram-se um fetiche cultural. já dizia o profeta da imobilidade: "só há dois caminhos, o do ser e o do não-ser; o segundo não leva à lugar nenhum". e foi sob o segundo caminho que a filosofia enquanto auto-compreensão de mundo se consolidou: foram assumidos "fantomas", "eidos", "ousias", criações mentais, como sendo "a realidade"; e a vida, as experiências que nem se sentem na carne, mas no tutano dos ossos, foram renegadas como epifenômenos sem muita importância. verdade passa a ser uma construção mental; e aquele tipo de conhecimento "simbiótico" com a vida, chamado de mito, como um mero recurso didático tosco, quando não uma completa ilusão - isso é que é inversão de valores! é notável como quando em uma atividade de teorização, o que se busca é antes de mais nada explicar e convencer, e não propriamente entender: já se parte de um "hors de soi", de um distanciamento/negação de si mesmo, que por sinal originou a quimera da "objetividade". a principal motivação para isso é um tipo de vácuo afetivo, "um buraco negro no coração", uma tenativa de auto-afirmar-se como um munchausen da vida que leva à essa esquizofrenia existencial. desconcetado, desligado, sozinho; fragmentado. agora, a escada já pode ser derrubada, mas não necessariamente queimada ou destruída. é algo que pode ser interessante, quando colocado em seu devido lugar: é apenas um utensílio, não é a própria atividade de ampliar o horizonte. no mais, é importante uma cura para esse vácuo que origina e sustenta (!) toda essa loucura suicida; e o mais sábio dos homens pode nunca ter lido um livro ou ter feito especulações sobre isso ou aquilo, mas sim ter vivido plenamente na confirmação contínua de que "sem amor, nada seria".

05/05/2006

o darwinismo é refutável por qualquer flor

a grande maioria das histórias de ficção científica são mórbidas. a fórmula básica é um mundo apocalíptico ou pós-apocalíptico, onde há uma tecnologia extremamente avançada que permite que os homens se destruam e sobrevivam algum tempo em destroços. aliás, todas as explicações "científicas" que querem ir além do "aqui-agora", da explicação de um fenômeno singular presente na análise, seguem a mesma linha, guardadas as variações sobre o mesmo tema. quando vão para explicar origens, finalidades ou ausência de finalidades, ou seja, um contexto mais amplo que o próprio olhar com suas lentes, sempre caem em morbidez. por quê?? sei lá, já disseram coisas como "cada época tem os mitos que merece"; um julgamento impiedoso, dada nossa situação.
esse seria o primor da evolução numa perspectiva estritamente darwinista
esse foi uma visão do primor da evolução de uma ciência não não totalmente desligada da arte e vida humana
aqui, alguém que não acredita que uma hierarquia relacionada ao poder de interação com o mundo e dominação das demais criaturas signifique superioridade; que sabe que a evolução tem outros parâmetros e, apesar de que pudesse colocar-se entre os primeiros em um critério de valoração baseado na beleza, prefere apenas desmentir em silêncio sua atribuída inferioridade.