22/06/2007

aproveitar o tempo

09/06/2007

palavreado

pois também há o radicalismo da mudez, que, contrapondo-se à verborragia e à submersão em um mundo de formas que podem ser vazias, nada diz. deve haver o silêncio, e também a fala. é tolice desacreditar no valor da palavra: a palavra cura, a palavra revela, a palavra cria e destrói, o verbo fez-se carne, a caneta é mais forte que a espada, tenho a palavra certa pra doutor não reclamar. a palavra mágica. um homem de palavra. deixe logocentrismos e blablablacentrismos sem deixar de ser espírito falante; deixe as tolices de nome, autoria e glória para o espelho dos poetas da lua, pois eis que há um sol em torno do qual orbita, mesmo seja noite ou faça chuva. deixe as tolices de gênios e similares; único gênio que reconheci como criatura de fundamento, cheia de substância, é aquele das histórias da sherazade, os outros cheramazedo. sabei que o gênio é um bom mensageiro, e o sábio um bom remetente; e que ambos só existem com sentido quando não se auto-reconhecem como tais, quando ignoram esses seus papéis e títulos. e se há ainda e continuamente tanta idolatria à letras mortas, é porque faltam profetas levantando a voz e recriando mitos, mithos e logos; logo muitos unicórnios existem sem serem vistos, e continua-se dentro da caverna, mesmo quando a voar em foguetes. pois é possível pôr vida nas palavras, de modo que não sejam palavras vãs e vãs palavras; não sejam vã vaidade e correr atrás de vento, palavras ao vento. palavra-viva, palavras cruzadas, uma palavra vale por mil palavras.