25/09/2007

sintomático


é como estar engajado em causas psicológicas: afetos e desafetos, estados de consciência e estados de inconsciência, falas e silêncios, comunicações e incomunicações. e isso só no que se refere ao observar, ou aprender a ler, ou ouvir, ou se conhecer. depois, ainda há o controlar, o induzir, o inimigo e o aliado, o perder-se e o ganhar-se. no meio ainda há um ideal, seja de integridade, seja de autenticidade, de saúde, de alguma coisa. no fim, é um tudo o que está em jogo, pois foi do psicológico que tirei o "o que" sou, ou o principal ao menos.
é como estar engajado com qualquer ideal: comprometimento, "entrega", fidelidade, responsabilidade. o problema é o ideal assumir autonomia frente àquele que o busca, pois a principio é mesmo necessário um certo "submeter-se ao ideal" para haver engajamento, senão o máximo que ocorre é um flerte, e não acasalamento. e no caso desse engajamento, o ideal tem que sofrer necessariamente adaptações também, pois o ideal é posto justamente pelo sujeito que através do ideal se descobre e se cria, ou seja, se modifica. porém, dados a entrega e fidelidade ao ideal, surge um conflito, como uma ameaça de traição, de motim ou de abandonar o navio. até porque logo se entende que uma coisa é o ideal, e outra os meios, ou eventualmente o longo caminho, para se chegar ao ideal. mas enfim, no momento o que vale acho que é aquela história, de que quem tem pressa anda devagar, porque esse territótio é gelo fino, é beira de abismo, é montanha escarpada.

24/09/2007

diga-se de passagem, merece atenção pare ouça veja

HYBRIS
Substantivo feminino grego, de raiz provinda do indo-europeu *ut + qweri, (peso excessivo, força exagerada) passa a significar o que ultrapassa a medida humana (o métron). É, portanto, o excesso, o descomedimento, a desmesura. Em termos de religião grega, a hybris representa uma violência, pois, ao ultrapassar o métron, o homem estaria cometendo a insolência, um ultraje, na pretensão de competir com a divindade. Daí o sentido metafórico de orgulho, arrebatamento, impetuosidade. Seu antónimo, nesse caso, seria sophrosyne (…), a disposição sadia de espírito, a moderação, a prudência.
Por representar uma abstracção, a hybris não possui um mito próprio. Entretanto passa por ser a mãe ou a filha de Kóros (…), a saciedade, pelo jogo dos símbolos.
Observe-se que o adjectivo "híbrido" vem do grego hybris, pelo latim hybrida, por via erudita, pois os gregos consideravam a miscigenação e o hibridismo consequente, uma violação das leis naturais.
O conceito de hybris tem sido aplicado principalmente em relação ao protagonista da tragédia que desafia as leis morais vigentes na polis e as proibições dos deuses. A transgressão do protagonista ou hamartia (…) leva à sua queda, o que não significa necessariamente um desfecho trágico. A hybris e o desfecho trágico ocorrem, por exemplo, em Édipo Rei e Antígona, de Sófocles (s. V a. C). Em Medeia de Eurípedes (s. V a. C.), a hybris se apresenta com uma força trágica incomum, pois a protagonista terna e monstruosa, Medeia, pela intensidade da sua paixão por Jasão, é capaz de assassinar os próprios filhos, para punir o amante (pela sua infidelidade) de uma forma radical. Entretanto, ela é resgatada, no final, pelo carro de Hélios, seu pai.
Resumindo: a tragédia realiza-se a partir da ultrapassagem do métron (…) pelo simples mortal, a partir, portanto, de uma transgressão feita, ou seja, de uma violência contra a ordem social e, necessariamente, contra os deuses imortais: a hybris. Aquele que encarna o anthropos (…), o simples mortal é o aner, (…) o ator, o outro, ou seja o dramatis personae. Isto provoca a némesis, (…), o ciúme divino. Contra o herói é lançada a Até, a cegueira da razão. Tudo que o hypocrités (o ator possuído pelo êxtase) fizer, reverterá contra si mesmo (Édipo). Em seguida ele estará subjugado pela moira, pelo destino cego, sem apelo.
Muito antes da tragédia, entretanto, desde Homero (s. VIII a. C.) com a Ilíada e a Odisséia, os poetas não pouparam esforços em admoestações acerca dos perigos da hybris. Também o poeta tebano Píndaro (s. VI-V a. C.) lembra a efemeridade do homo-humus e pede que se evite a hybris pois “O homem é o sonho de uma sombra” Píticas, 8, 95-97.
BIB.: A. Bailly. Dictionnaire grec-français. Paris, Hachette, 1950, p. 1981-1982. Albin Lesky. La tragedia griega. Barcelona, labor, 1966.John Higginbotham. Greek & Latin Litterature. London, Methuen& Co Ltd, 1969, p. 278-279. Chris Baldick. The Concise Oxford Dictionary of Literary Terms. New York, Oxford Un. Press, 1991, p.101. J. A. Cuddon. The Penguin Dictionary of Literary Terms. London, Penguin Books, 1991, p. 431. Junito Brandão. Dionário mítico-etimológico da mitologia grega. Petrópolis, Vozes, 1991, p. 558-559. __. O teatro grego: tragédia e comédia. Petrópolis, Vozes, 1996. Pierre Grimal. La mythologie grecque. Paris, Presses Universitaires, 1953. Robert Graves. The Greek Mythes. Great Britain, Penguin Books, 1984. Werner Jaeger. Paideia: los ideales de la cultura griega. /Paideia, Die Formung des griechischen Menschen. Trad. do alemão por Joaquín Xirau. México, Fondo de Cultura Económico, 1957.
Selma Calasans Rodrigueshttp://www.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/H/hybris.htm

21/09/2007

os ciclos terminam, por isso mesmo são ciclos, mas é preciso que os ciclos se liguem, e nao fiquem fechados em si mesmos, senão nao vai dar espiral, mas apenas repetição, e o que ficaria seriam também fragmentos, como segmentos isolados. é preciso dar continuidade, retomar para prosseguir. esquecer é como um suicidio, a identidade que foi "some", e apesar de poder ter influência presente, pelo esquecimento torna-se uma "potência desconhecida", algo nao-visto, nao-aberto, um nao-ente, um nao-eu, ou um fantasma oculto, ghost in the shell. nada pode ser simplesmente renegado, mesmo aquilo que será abandonado nao deve ser esquecido, é preciso enterrar e prestar homenagem aos mortos, ou eles viram assombração. em estado de graça pode-se deixar que os mortos que enterrem seus mortos, mas em vias crucis é preciso sepultamento. ou ao menos despedida, tipo "adeus, até um dia quem sabe", porque na verdade nada morre nem nasce, tudo se transforma. alem de tudo sao vários materiais, simples e complexos que seguirão na continuidade; transformar o ciclo do transmutar em fases do experimento, re-ciclo

09/09/2007

passos, metamorfoses e ciclos

***problemas econômicos***



INFLAÇÃO
Refere-se em um grau maior ou menor a uma IDENTIFICAÇÃO com a psique coletiva causada por uma invasão de conteúdos arquetípicos inconscientes ou em resultado de uma consciência ampliada (ver ARQUÉTIPO; POSSESSÃO). Existe desorientação acompanhada ou de um sentimento de imenso poder e imparidade, ou de um senso de desvalor, ou de não se ter nenhuma importância. O primeiro representa um estado hipomaníaco; o segundo, depressão.
Jung escreveu que “a inflação é uma regressão da consciência para a inconsciência. Isso sempre acontece quando a consciência admite em si conteúdos conscientes em quantidade demasiada e perde a faculdade da discriminação” (CW 12, parág. 563). Um conteúdo arquetípico “prende a PSIQUE com uma espécie de força primeva e a obriga a transgredir os limites da humanidade. A conseqüência é uma atitude ensoberbada, perda do livre arbítrio, DELÍRIO e entusiasmo pelo bem ou pelo mal, indiferentemente” (CW 7, parág. 110). Acrescentou que é sempre perigoso quando o EGO fica inflado ao ponto de se identificar com o SELF. Esta é uma forma de “hybris”e a INDIVIDUAÇÃO não é possível, uma vez que já não mais existe qualquer DIFERENCIAÇÃO entre a pessoa e a IMAGEM DE DEUS.






Enya\the celts\March_of_the_Celts.mp3