16/09/2008

"e vem chegando a prmavera, meu coraçao está compressa, venha, q o q vem eh perfei~çao"

Flores
Titãs
Composição: Tony Bellotto / Sérgio Britto / Charles Gavin / Paulo Miklos
Olhei até ficar cansadoDe ver os meus olhos no espelhoChorei por ter despedaçadoAs flores que estão no canteiroOs punhos e os pulsos cortadosE o resto do meu corpo inteiroHá flores cobrindo o telhadoE embaixo do meu travesseiroHá flores por todos os ladosHá flores em tudo que eu vejoA dor vai curar essas lástimasO soro tem gosto de lágrimasAs flores têm cheiro de morteA dor vai fechar esses cortesFloresFloresAs flores de plástico não morremOlhei até ficar cansadoDe ver os meus olhos no espelhoChorei por ter despedaçadoAs flores que estão no canteiroOs punhos e os pulsos cortadosE o resto do meu corpo inteiroHá flores cobrindo o telhadoE embaixo do meu travesseiroHá flores por todos os ladosHá flores em tudo que eu vejoA dor vai curar essas lástimasO soro tem gosto de lágrimasAs flores têm cheiro de morteA dor vai fechar esses cortesFloresFloresAs flores de plástico não morremFloresFloresAs flores de plástico não morrem

Titãs de plástico, chumbo e bronze são recicláveis
http://images.google.com.br/images?ndsp=18&um=1&hl=pt-BR&q=flores+titas&start=0&sa=N

09/09/2008

retrospectivas de fim de inverno

novamente cavaleiro de espadas X cavaleiro de copas; mais uma volta. voto nas copas; aposto nas copas; prevejo as copas. deve ser o inverno: quando se nota, já se está em uma armadura. "icy wind of night, be gone, this is not your domain".. ainda bem que sobrou algum sangue quente. faça amor, não faça guerra -isso é uma ordem soldado. "a copa da árvore é nossa, com coração não há quem possa", já cantava a marchinha, não a bélica, mas a de carnaval; e ainda que "todo carnaval tem seu fim" e "não vou lhe jogar confetes pois já passou meu carnaval", nossa primavera tem mais flores nossas vidas mais amores, e segundo dizem mesmo que arranquem todas as flores não conseguirão acabar com a primavera. é na copa que ficam as flores, e os frutos, e o tal do benditofruto.

04/09/2008

02/09/2008

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I
Se vivo é porque a vida quer muito de mim e eu da vida, portanto, viver é uma exigência de compreensão do mundo e de mim mesmo. Portanto, aprendo-ensino-aprendo mais vivendo a experiência do aprender-ensinar. Na realidade, aprendo porque a vida ensina e ensino porque a minha própria vida me ensina a caminhar.
II
Quem faz as coisas do mundo somos cada um de nós. Se o vaso tem fundo é porque assim quisemos que ele fosse um objeto cabedor. E quisemos também que ele fosse bonito para o caso de não haver nada que coubesse nele. E transportamos a água para que nele coubesse a nossa sede. E colhemos flores para que nele coubesse os nossos sentimentos. O fundo do vaso que inventamos, quando está vazio cabe o ar que respiramos.
III
Também sonhamos quando dormimos, também sonhamos acordados. Também sonhamos, quando demasiado acordados, em dormir o sono dos justos. Também sonhamos, quando adormecidos pelas cruezas da vida, em acordar no paraíso. Também sonhamos em sonhar acordados, também sonhamos acordar de pesadelos. O sonho é sempre um sonho sonhado por alguém que acordou para a vida.
IV
Contra o esfriamento de nossos corações precisamos cardiovasculhá-lo e imprimir no sangue, talvez um tom de vinho mais forte, pois quanto mais velho melhor. Contra o entorpecimento dos sentimentos, trazer de volta a dor e o prazer de existir. Contra a morte em vida, a cicuta do despertar para a vida. Não fiquemos frios, mas façamos da frieza que adormece o coração, o princípio do calor da vitalidade.
V
Porque nós caminhamos numa imensa procissão: às vezes carregamos o andor, às vezes seguramos as velas, às vezes puxamos a ladainha, às vezes olhamos a saia da santa de pau-oco, às vezes miramos o manto da santa de gesso, às vezes rezamos, às vezes apenas seguimos, às vezes simplesmente vemos a procissão passar com irônico ceticismo.
VI
O conhecimento que passa não deixa pedra sobre pedra e constrói castelos. Traz muita coisa de novo que nos encontra quase sempre velhos. Reinventa o óbvio e repisa o inaudito. É feio e é bonito. É desejável e repulsivo. É coisa alguma e é infinito.
VII
“E é graças aos encontros inesperados dos velhos amigos que eu fico reconhecendo que o mundo é pequeno e, como sala-de-espera, ótimo, facílimo de aturar…” Guimarães Rosa
Segundo Calvino, “Enquanto era preparada a cicuta, Sócrates estava aprendendo uma ária com a flauta. ‘Para que servirá?’, perguntaram-lhe. ‘Para aprender esta ária antes de morrer’”.
E tenho dito. """