12/10/2005

folhas de sabão

as folhas vibram e dançam, de acordo com o vento: melodia soprada pelas marés. isto aqui na esfera sub-lunar; mas como até o firmamento é móvel, nos-solar é elíptico, e hermético de acordo com a abertura daquele que recebe (e atua) o que vem ao encontro. tantas folhas bailarinas! mas há quem note nem a exuberância das flores, e as notas das esferas (e elipses) lhes são qualquer coisa, apenas ruído. "o silêncio destes espaços infinitos me..." encanta. e nesse canto que é um centro do universo, canto junto, levemente desafinado, mas leve, enquanto sopro o silêncio de uma fotossíntese primaveril, suportando adversidades dos invernos na promessa de bons frutos. as folhas dançam porque vivem: "só acreditaria numa árvore da vida que soubesse dançar". são danças circulares, danças de roda, como crianças em cirandas e xamãs em volta de fogueiras. o fruto da figueira é doce, mas as folhas.. são sonhos, suspirando suavemente com a brisa. e são verdes, que é uma cor boa, assim como o azul. são passos policromáticos, em contraste com prédios e muros e vidas em tons de cinza. as folhas são filhas da árvore, que é filha do ar, da terra e do céu. pra não dizer que não falei de águas.. as folhas deslizam. já deram como exemplo de absurdo ficar contando as folhas de um jardim, mas isso faz sentido, mas faz ainda mais sentido ficar quieto e ouvir o que elas têm para contar. uma folha é mais que uma página: é uma floresta de livros. é uma sabedoria selvagem, em estado vegetativo, que é muito mais dotado de ânimo do que supõe nossa vã biologia.

Um comentário:

Anônimo disse...

Por onde você andou pra chegar até aqui? O que você viu? Me conte ou me faça segredos.