26/11/2005

sede, banho e mergulho

águas calmas, mas não paradas: se poça, larvas se instalam; se poça, estraga e não mais dá de beber. "águas paradas não movem moinhos". aquela velha história: girino de poça tem que virar sapo antes da seca. água precisa escorrer, mas não correr, e sim deslizar, que é como voar em contato com o chão. e é assim mesmo, é fonte, olho d'água; se poça, se transborda. então não é poço, nem deve ser; represas geram energia, mas podem desequilibrar muito o meio. fluindo calmamente; apenas a superfície é que é agitada. borbulha sua própria música em pequenos redemoinhos; ondinas e ondinhas, barquinhos de papel e pedrinhas arredondadas. reflexos fluídicos: não absorvem como aqueles de espelho. possa molhar a boca, os pés, nadar e mergulhar; e se nenhum convir, usar uma ponte.


20/11/2005

temas recorrentes, não como aquelas correntes que prendem os pés de um corredor, mas como correntes de ar que sopram por entre corredores. "entrecortando eu sigo dentro a linha reta, eu tenho a palavra certa" pra não me "calar por calar". redemoinho: é uma espiral, mas uma espiral crescente, não um looping. assim seguindo, o próprio labirinto às vezes treme, e é nessas horas que é bom saber dançar; pra não perder o equilíbrio, nem ficar surdo, cego ou mudo. mudando de assunto, é sempre bom visitar cachoeiras, porque às vezes, e isso só depende do banhista, chovem estrelas. os que apreciam o luto, que fiquem com seus cataclismas meteóricos; prefiro viajar na cauda do cometa, e com minhas rosas junto. um mar de rosas! não admira que apareçam alguns espinhos. a imensidão ensina o valor do pequenino, até porque este também é uma imensidão: cada planta é um jardim, e cada jardim um planeta, e todo planeta é uma semente. um mar de estrelas, oceano de vida; sangue do meu sangue, pulso no meu pulso.


15/11/2005

às vezes, é bom não falar, mas só ouvir, e ouvir como quem é mudo. trocando em miúdos, de javu mudando de novo, 'como preto velho que sou', com minha 'barba branca tão..' nova. novamente lua cheia; ciclos muito rápidos, como ciclones, e mesmo que meu gênero não menstrua, esse meu gênio cisma em sangrar. doar sangue: acender uma lâmpada por mil e uma noites, uma aurora polar em pleno clima temperado. um pouco de sal pra evitar o temporal. "tempo tempo tempo mano velho"... (aliás, a imagem de cronos deve ter sido criada por alguém que cultuava hades). mas há de ser doce a água, e fértil a terra.

13/11/2005

=)

no mais, é isso: ainda bem. "siga em frente, irmão caminhoneiro", com sua shell pra montar acampamento onde lhe aprouver: é tolice acrescentar mais carga pesada, e querer trocar pneu a muque, sem macaco. sem macaco!!! é isso: todo homem é um homem das selvas, e é torpe pretensão e vã vaidade e tolice sem fim querer simplesmente depilar-se (outra coisa porém é se identificar tanto com a coisa ao ponto de querer ter um rabo). um homem de aço é como uma estátua, como um homem de pedra, na idade da pedra, na idade das trevas: "quem?" e "pra onde?" diz, meio que perguntando, meio que exclamando apenas. e quando o oráculo lhe disse onde procurar, e teve visões do monte olimpo e da idade de ouro, também lhe foi dito: 'contenta-te em ser homem', e viu que roma não foi feita em um só dia, embora sempre é preciso um pouco de ousadia. de qualquer forma: caminhoneiros, macacos, figuras humanas em estátuas e deuses: todos têm cinco dedos, e (veja só!), mesmo a velha res cogitans precisava de cinco sentidos. cinco elementos, e estrela que aponta pra cima tem mais quatro pontas: para ser éter, não se pode renegar os outros. elementar, meu caro, e avançado. "vamu nessa.."

06/11/2005

caminhar faz bem à saúde

salve salve cavaleiro andante, andarilho não mais errante, atravessando vales de sombras e morte e refrigerando a alma em prados verdejantes! é uma jornada, nas estrelas e nos pântanos, para além dos próprios muros. e volta e meia aparece um minotauro, mas o labirinto não tem teto, e criaturas aladas não se perdem (para além do 3d). não que o seja; mas há quem o seja, e pode-se pegar carona nas asas de um pássaro amigo, e ainda fazer um dueto. além disso, há os ventos, e "um grão de areia no olho do furacão" pode parar em Oz (não a prisão, o mundo mágico), e ainda sincronizado com "the bright side of life". caminho e como caminha com ins e ex piração de camões, relato meu livro dos dias, às vezes em pé, às vezes deitado, um novo mundo de camaleões em frente ao espelho. talvez é preciso atravessá-lo, porque quando se o quebra, cria-se mais deles, e embora menores, têm as mesmas propriedades. além disso, não se sabe se é a sabedoria ou a superstição popular que fala dos sete anos de azar; e sem dúvida é setenta vezes sete vezes preferível "sorte na vida e filhos feitos de amor". "nessa longa estrada da vida.." sigamos, como ciganos, com baralho e sorte nas mãos, não como quem compete, mas como quem completa-se, como quem está engajado no desafio, e vive a aventura e a ventura do passeio até a terra prometida; não como um robô que marcha, mas como quem faz da própria marcha uma dança, sem se preocupar em "deixar os seus passos no chão".