04/03/2008

Meu ponto final é que apenas a ética não é o bastante para realizar uma mudança no mundo. Sozinha, a ética sem a estética, não se sustenta. Por exemplo, o meio ambiente: Não estamos motivados a lutar por ele simplesmente porque nós temos que fazê-lo. É claro que somos eticamente responsáveis por nossos padrões de consumo, e que somos culpados em razão do consumismo. Igualmente, não somos motivados apenas por altos princípios de Gala, e pela ecologia, e as gerações futuras, produzindo compensações, conciliações, sacrifícios. A motivação deve vir de baixo do superego, do id do desejo. Nós devemos primeiramente ser movidos pela beleza. Para isso o amor é estimulado. Quando você ama alguma coisa, então você a quer por perto, sem ser molestada. Então você fica um pouco cego para os seus defeitos e riscos -- oh, sem essa de custo-benefício, de extratos, saldos, de avaliações financeiras.
O que evoca o amor? Tal como têm sido dito em muitos lugares, em muitos anos, e sentido por cada um de nós, é a beleza. Uma percepção estética traz para a frente o nosso cuidado ético. Aesthesis madrugadora, respire a beleza do cosmos -- oh o rastejar meticuloso de um inseto, o suspiro da terra gelada quando o inverno revela seu domínio, observe a complexidade composta de uma simples pedra, o remoinho na areia quando a maré retrocede, ou escute o cantar do pássaro madrugador. A beleza nos deixa perplexos e atrai o foco do coração na direção do objeto, para fora de nós mesmos, para fora de nossa insanidade centrada no homem, na direção de querer manter o cosmos lá onde ele está por mais uma primavera e uma outra manhã. Esta é a emoção ecológica, e ela é estética e política ao mesmo tempo.
[james hillman]

Nenhum comentário: