13/10/2007

""investigação ou experiência a uma ordem relativamente constante que mostre as suas relações recíprocas e torne possível a sua explicação e provável previsão. ""


>> querer conhecer como um modo de se relacionar com as coisas movido por certos interesses fundamentais: 1) trazer as coisas à luz do dia é torná-las menos amedrontadoras (mas pq elas seriam de inicio amedrontadoras? pq o amedrontado é amedrontado? a motivação do conhecer seria o medo, mas porquê há este medo, e que medo é este? ["quando não há o reconhecimento da unidade com Brahman, que é tudo que existe, só há o medo, e o medo é tudo o que existe" - o "mundo das dez mil coisas" torna-se um monstro de dez mil presas ou garras, e não um jardim de dez mil flores. o amor e a paz e amor se não sobrepõem ao menos relativizam a urgência do conhecer, porque o mundo ou a totalidade da experiência deixa de ser primeiramente ameaça; a potência desconhecida pode ser sentida como amigo oculto]); 2) a motivação para conhecer as coisas é dominá-las, ser o senhor das circunstâncias. Em relação à 2: não há mais como em certos ritos mágicos o "pedir o favor" à potência que está em jogo, mas sim exigir, dominar, "forçar à natureza que fale e obedeça". 1 e 2 estão estreitamente relacionadas, e talvez sejam a mesma coisa, ou ao menos tenham a mesma raiz, porque o poder/dominação é uma resposta ao medo/insegurança, e o medo/insegurança é uma reação à um estar submetido/dominado possível ou atual. porém, o estar submetido/dominado que gera o medo seria o estar submetido/dominado por um principio cruel ou malévolo, ou no minimo indiferente; e, já que se trata de uma motivação para o conhecer, tal principio é antes de mais nada desconhecido, oculto, não revelado. por quê então é assumido como assustador, como ameaça? seriam as experiências de sofrimento e horror tão mais frequentes ou tão mais intensas que as de tranquilidade e alegria, que abafariam os sentimentos-atitudes de confiança e gratidão, e os substituiriam por medo-desconfiança e "rebeldia" [rebeldia como traição, como no mito do anjo caído]? talvez; por sinal, falando em queda, na mitologia cristã há a idéia de uma queda também do homem, não à um reino de trevas, mas à um reino de dificuldades. este mundo não mima o homem; apesar de oferecer dádivas em abundância, oferece igualmente tormentos. ou, dito de outro modo, retirando este peso do proprio mundo, e o colocando no proprio homem: o homem está aberto, está apto a receber deste mundo o que este mundo lhe oferece sob a forma de dádivas e de tormentos; o homem está apto ou disposto a moldar ou dar sentido ao que recebe do mundo na forma de dádiva e tormento, satisfação e sofrimento. A enfase no homem pode parecer querer colocar aqui novamente o problema da origem do mal sob sua responsabilidade, o que não é o caso mas também não deixa de ser ocaso, pois esta talvez seja uma história sem-fim. mas este é um bom começo, até porque qualquer começo é melhor do que nenhum

Nenhum comentário: